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domingo, 13 de maio de 2012

Aprender com a mãe...

Mulher


Muitas vezes, buscamos na memória elementos que nos valem, quando definir um ser humano torna-se quase impossível para todos nós.

Aos sete anos de idade, morava com minha família na cidade de Mariana, primeira capital de Minas Gerais.

Às vezes, passavam por minha casa pessoas simples pedindo esmolas: ou um dinheiro, ou um alimento ou um agrado qualquer.

Certo dia, bate à porta uma mulher humilde, com uma criança de seus nove meses no colo: pálida, triste, com a cabeça cheia de feridas, cobertas com um tipo de folha (remédio popular sugerido por comadres, para uma possível cura).

Esta mãe pediu à minha um dinheirinho para que pudesse levar a criança ao médico, pois não tivera melhora com o remédio recomendado pelas amigas.

Minha mãe convidou-a para entrar, sentar-se. Foi lá dentro, buscou um tubo de penicilina, outro de sulfa, algodão e água oxigenada. Aos poucos, foi lavando com o algodão molhado aquela cabecinha inocente, tirando as crostas com cuidado e deixando as feridas bem limpas. Passou, em seguida, a pomada e a sulfa. Depois, entregou os remédios à mulher e dois sabonetes. Ensinou a ela como proceder em casa, higienizando e medicando a criança e, só aí, deixou que ela fosse embora.

Meses depois, vejo esta mesma mulher novamente em minha casa. Desta vez, com a criança esperta em seus braços, com os fios de cabelos crescendo saudáveis e brilhantes. Também com um tímido embrulho: uma dúzia de ovos como agradecimento.

Hoje, já adulta, relembro-me da atitude de minha mãe.

Misturam-se na minha memória a imagem da mulher e da mãe que me ensinou, através de gestos, mais do que de palavras, o que é ser gente.

Descobri que, para ser mulher, não basta somente ter força interior para que se dedique ao trabalho, ao lar, ao marido, aos filhos.

Ser mulher é solidarizar-se com o próximo, é ter sensibilidade para ver no outro suas necessidades e realmente agir para supri-las.

A mulher, agindo assim é MULHER no sentido pleno da palavra. É alguém que ensina e educa. Que faz da vida um sacerdócio. Pela igualdade. Pela paz.


Professora: Tânia Regina Mendes Lima

E. M. Carlos Drummond de Andrade

CAIC – Contagem – 20/05/2005

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