- É
Natal! – me disseram. – É a Festa Maior! Vamos comemorar o nascimento de Jesus!
- Onde?
Onde? Também quero ir. Como faço?
(...)
Passam
todos. Passa o tempo.
Sou
ponte ainda. E o sou na razão de possibilitar ao outro a passagem, a mudança de
lugar, de estado, de servir de meio para conduzir o outro a um lugar melhor.
(Submissão? A troco de quê? – me pergunto e não encontro resposta.)
Passa
o tempo. Passam todos. Drummond diria “Todos passarão e eu, passarinho...”.
E
só depois de me pensar tanto tempo como ponte, descubro que é preciso eu ir
sozinha, pois esta é uma festa no interior,
no meu interior.
(...)
Dentro
de mim, minha “casa” precisa, primeiro, estar limpinha. Começo, então, a
faxina. – “Quão difícil, meu Deus,
retirar aquela sujeira toda, que parece impregnada... São mágoas, sentimentos
impuros, lágrimas cristalizadas por dores não choradas...”
Aos
poucos, vou limpando a casa e posso, enfim, preparar minha árvore de Natal, o
presépio para receber o menino Jesus e decidir sobre os presentes.
- Mas
Deus já habita em cada um de nós através da ação do Espírito Santo! – voltaram a me dizer.
“Meu Pai! E eu que não cuidei de limpar a
casa todos os dias?! E se houver algum escorpião? O menino Jesus corre perigo!”
– Volto pra dentro de mim. Olho cada cantinho para me certificar de que já
esteja tudo limpinho e em ordem.
Adormeço.
E
nos sonhos, os sinais de Deus: o piscar de luzes, o repicar de sinos, Seu Filho
que me acena sorrindo, a fome saciada, a alma em êxtase, um cântico de
louvor... escuto ao longe alguém a pedir, tento ouvir, mas... acordo.
Uma
sensação de paz me invade... a impressão de ter vivido a melhor festa de Natal
de minha vida.
Sandra Medina Costa
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