“Estou
seguro, Senhor, de que te amo; disso não tenho dúvidas. Tocaste-me o coração
com a tua palavra, e comecei a amar-te. O céu, a terra e tudo que neles existe
dizem-me por toda parte que te ame, e não cessam de repeti-lo a todos os
homens, “de modo que eles não têm desculpa” (Rm 1,20). Terás compaixão mais
profunda de quem já te compadeceste, e usarás de misericórdia para quem já
foste misericordioso. (Rm 9,15) De outra forma, o céu e a terra pronunciariam
teus louvores a surdos.
Mas,
que amo eu quando te amo?...”
(Santo
Agostinho - Conf. X, 6 e 7)
“Mas,
que amo eu quando te amo? Não uma beleza corporal ou uma graça transitória, nem
o esplendor da luz, tão cara a meus olhos, nem as doces melodias de variadas
cantilenas, nem o suave odor das flores, dos unguentos, dos aromas, nem o maná
ou o mel, nem os membros tão suscetíveis às carícias carnais. Nada disso eu
amo, quando amo o meu Deus. E contudo, amo a luz, a voz, o perfume, o alimento
e o abraço, quando amo o meu Deus: a luz, a voz, o odor, o alimento, o abraço
do homem interior que habita em mim, onde para a minha alma brilha uma luz que
nenhum espaço contém, onde ressoa uma voz que o tempo não destrói, de onde
exala um perfume que o vento não dissipa, onde se saboreia uma comida que o
apetite não diminui, onde se estabelece um contato que a sociedade não desfaz.
Eis o que amo quando amo o meu Deus.”
(Santo Agostinho - Conf. X, 6)
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