Papa aos
jovens: Jesus não anula a sua personalidade
Artigo do Portal Aleteia - publicado em 28/09/21
“Quando o
Senhor irrompe na vida de Paulo, não anula a sua personalidade, não cancela o
seu zelo e paixão, mas usa os seus dotes para fazer dele o grande evangelizador
até aos confins da terra”, afirma o Papa Francisco.
Em sua mensagem aos jovens por ocasião do Dia Mundial da Juventude, o Papa se dedicou a refletir sobre o trecho dos Atos dos Apóstolos onde Jesus diz a Paulo: “Levanta-te! Constituo-te testemunha do que viste” (cf. At 26, 16).
Segundo o Papa, a escolha de Paulo pelo Senhor nos mostra que, para Deus, não há pessoa que seja irrecuperável.
Através do
encontro pessoal com Ele, é sempre possível recomeçar. Nenhum jovem está fora
do alcance da graça e da misericórdia de Deus. De ninguém se pode dizer: Está
demasiado longe... É demasiado tarde... Quantos jovens sentem a paixão de se
opor e ir contra corrente, mas trazem escondida no coração a necessidade de se
comprometer, de amar com todas as suas forças, de se identificar com uma
missão! No jovem Saulo, Jesus vê exatamente isto.
Em seguida, o
Papa recordou aos jovens a importância da humildade, pois a “consciência da
própria limitação é fundamental”.
Quem pensa que sabe tudo sobre si mesmo, os outros e até sobre as verdades religiosas, terá dificuldade em encontrar Cristo. Tendo ficado cego, Saulo perdeu os seus pontos de referência. Ficando sozinho na escuridão, para ele as únicas coisas claras são a luz que viu e a voz que ouviu. Que paradoxo! Precisamente quando uma pessoa reconhece estar cega, começa a ver…
Santa Teresa de
Lisieux gostava de repetir, como aliás outros santos, que a humildade é a
verdade, explicou o Papa.
Hoje em dia muitas “histórias” condimentam os nossos dias, principalmente nas redes sociais, muitas vezes criadas habilmente com muitas filmagens, telecâmaras, variados cenários. Procuram-se cada vez mais as luzes da ribalta, sabiamente orientadas, para poder mostrar aos “amigos” e seguidores uma imagem de si mesmo que às vezes não reflete a própria verdade. Cristo, meridiana luz, vem iluminar-nos devolvendo-nos a nossa autenticidade, libertando-nos de todas as máscaras. Mostra-nos claramente o que somos, porque nos ama tal como somos.
A conversão de
Paulo não é um voltar para trás, mas abrir-se para uma perspectiva totalmente
nova.
Com efeito, ele continua o caminho para Damasco, mas já não é o mesmo de antes; é uma pessoa diversa (cf. At 22, 10). É possível converter-se e renovar-se na vida ordinária, realizando as coisas que costumamos fazer, mas com o coração transformado e com motivações diferentes. Neste caso, Jesus pede expressamente a Paulo que vá até Damasco, para onde se dirigia. Paulo obedece, mas agora a finalidade e a perspectiva da sua viagem mudaram radicalmente. A partir de agora, verá a realidade com olhos novos: antes, eram os olhos do perseguidor justiceiro; a partir de agora, serão os do discípulo testemunha. Em Damasco, Ananias batiza-o e introdu-lo na comunidade cristã. No silêncio e na oração, Paulo aprofundará a sua experiência e a nova identidade que o Senhor Jesus lhe deu.
Segundo o Papa,
a atitude de Paulo, antes do encontro com Jesus ressuscitado, não nos é muito
estranha.
Quanta força e paixão vivem também nos vossos corações, queridos jovens! Mas, se a escuridão ao vosso redor e dentro de vós mesmos vos impedir de ver corretamente, correis o risco de perder-vos em batalhas sem sentido, e até de vos tornardes violentos. E, infelizmente, as primeiras vítimas sereis vós mesmos e aqueles que estão mais próximo de vós. Há também o perigo de lutar por causas que, originalmente, defendem valores justos, mas, levadas ao extremo, tornam-se ideologias destrutivas. Quantos jovens hoje, talvez impelidos pelas suas próprias convicções políticas ou religiosas, acabam por se tornar instrumentos de violência e destruição na vida de muitos! Alguns, que já nasceram rodeados dos meios digitais, encontram o novo campo de batalha no ambiente virtual e nas redes sociais, recorrendo sem escrúpulos à arma de falsas notícias para espalhar venenos e demolir os seus adversários.
Em seguida –
prossegue o Papa –, Paulo será conhecido como ‘o apóstolo dos gentios”; ele,
que fora um fariseu escrupulosamente observante da Lei!
Aqui está outro paradoxo: o Senhor deposita a sua confiança precisamente naquele que O perseguia. À semelhança de Paulo, cada um de nós pode ouvir no fundo do coração esta voz que lhe diz: “Confio em ti. Conheço a tua história e tomo-a nas minhas mãos juntamente contigo. Apesar de muitas vezes teres estado contra Mim, escolho-te e torno-te minha testemunha”. A lógica divina pode fazer do pior perseguidor uma grande testemunha.
O discípulo
de Cristo é chamado a ser “luz do mundo” (Mt 5, 14). Paulo tem de testemunhar o
que viu, mas agora está cego. Estamos de novo perante um paradoxo! Mas,
precisamente através desta sua experiência pessoal, Paulo poderá identificar-se
com aqueles a quem o Senhor o envia. Com efeito, é constituído testemunha “para
lhes abrir os olhos e fazê-los passar das trevas à luz” (At 26, 18).
Artigo do Portal Aleteia - publicado em 28/09/21
Em sua mensagem aos jovens por ocasião do Dia Mundial da Juventude, o Papa se dedicou a refletir sobre o trecho dos Atos dos Apóstolos onde Jesus diz a Paulo: “Levanta-te! Constituo-te testemunha do que viste” (cf. At 26, 16).
Segundo o Papa, a escolha de Paulo pelo Senhor nos mostra que, para Deus, não há pessoa que seja irrecuperável.
Quem pensa que sabe tudo sobre si mesmo, os outros e até sobre as verdades religiosas, terá dificuldade em encontrar Cristo. Tendo ficado cego, Saulo perdeu os seus pontos de referência. Ficando sozinho na escuridão, para ele as únicas coisas claras são a luz que viu e a voz que ouviu. Que paradoxo! Precisamente quando uma pessoa reconhece estar cega, começa a ver…
Hoje em dia muitas “histórias” condimentam os nossos dias, principalmente nas redes sociais, muitas vezes criadas habilmente com muitas filmagens, telecâmaras, variados cenários. Procuram-se cada vez mais as luzes da ribalta, sabiamente orientadas, para poder mostrar aos “amigos” e seguidores uma imagem de si mesmo que às vezes não reflete a própria verdade. Cristo, meridiana luz, vem iluminar-nos devolvendo-nos a nossa autenticidade, libertando-nos de todas as máscaras. Mostra-nos claramente o que somos, porque nos ama tal como somos.
Com efeito, ele continua o caminho para Damasco, mas já não é o mesmo de antes; é uma pessoa diversa (cf. At 22, 10). É possível converter-se e renovar-se na vida ordinária, realizando as coisas que costumamos fazer, mas com o coração transformado e com motivações diferentes. Neste caso, Jesus pede expressamente a Paulo que vá até Damasco, para onde se dirigia. Paulo obedece, mas agora a finalidade e a perspectiva da sua viagem mudaram radicalmente. A partir de agora, verá a realidade com olhos novos: antes, eram os olhos do perseguidor justiceiro; a partir de agora, serão os do discípulo testemunha. Em Damasco, Ananias batiza-o e introdu-lo na comunidade cristã. No silêncio e na oração, Paulo aprofundará a sua experiência e a nova identidade que o Senhor Jesus lhe deu.
Quanta força e paixão vivem também nos vossos corações, queridos jovens! Mas, se a escuridão ao vosso redor e dentro de vós mesmos vos impedir de ver corretamente, correis o risco de perder-vos em batalhas sem sentido, e até de vos tornardes violentos. E, infelizmente, as primeiras vítimas sereis vós mesmos e aqueles que estão mais próximo de vós. Há também o perigo de lutar por causas que, originalmente, defendem valores justos, mas, levadas ao extremo, tornam-se ideologias destrutivas. Quantos jovens hoje, talvez impelidos pelas suas próprias convicções políticas ou religiosas, acabam por se tornar instrumentos de violência e destruição na vida de muitos! Alguns, que já nasceram rodeados dos meios digitais, encontram o novo campo de batalha no ambiente virtual e nas redes sociais, recorrendo sem escrúpulos à arma de falsas notícias para espalhar venenos e demolir os seus adversários.
Aqui está outro paradoxo: o Senhor deposita a sua confiança precisamente naquele que O perseguia. À semelhança de Paulo, cada um de nós pode ouvir no fundo do coração esta voz que lhe diz: “Confio em ti. Conheço a tua história e tomo-a nas minhas mãos juntamente contigo. Apesar de muitas vezes teres estado contra Mim, escolho-te e torno-te minha testemunha”. A lógica divina pode fazer do pior perseguidor uma grande testemunha.
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