[...] Então,
Jesus interroga diretamente os discípulos: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. Na
realidade, pouco antes, no fim da travessia noturna e tempestuosa do lago da Galileia,
quando Jesus tinha ido ao encontro deles caminhando sobre as águas, os
discípulos tinham confessado: “Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!” (Mt 14,
33). Mas agora a resposta vem Simão
Pedro, o discípulo chamado por primeiro (Mt 4, 18-19).
A pergunta de
Jesus não tinha como propósito obter como resposta uma fórmula doutrinal, muito
menos dogmática, mas pedia aos discípulos para manifestar a sua relação com
ele, o seu envolvimento com a sua vida, a confiança que punham no seu rabi.
Sim, quem é Jesus? É uma pergunta que devemos nos fazer e refazer ao longo dos
dias. Porque a nossa adesão a Jesus depende precisamente daquilo que vivemos no
conhecimento ou no sobreconhecimento da sua pessoa.
“Quem é Jesus para
mim?”, é a pergunta incessante do cristão, que busca não fazer de Jesus o
produto dos seus desejos ou das suas projeções, mas acolher o conhecimento dele
de Deus mesmo, contemplando o Evangelho e escutando o Espírito Santo. A nossa
fé será sempre parcial e frágil, mas, se é “fé” que “nasce da escuta” (Rm 10,
17), é fé verdadeira, não ilusão nem ideologia.
[...]
Enzo Bianchi, monge
italiano
Fonte: www.ihu.unisinos.br
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