Isabel Cristina, assim como todos os bebês, nascera divinamente com as
mãozinhas fechadas. Trazia ali todas as bênçãos que o Senhor lhe encarregara de
distribuir quando aqui chegasse.
A sua mãe, sempre intrigada com aquelas mãozinhas tão meigas e
fechadinhas, acariciava-as, puxava-lhe os dedinhos e dizia à Isabel Cristina
com carinho:
- Que lindas mãozinhas, minha filhinha! Parecem duas conchinhas! O que
elas têm de tão precioso, que seguras tão veemente?
E a menina sorria, pois sabia do grande tesouro que consigo trazia. Ela
esperava ansiosa que sua mãe amorosa logo o descobrisse. Para isso, a mãe de
Isabel Cristina, assim como todas as mães do mundo, teria que fazer um gesto
mágico...
Numa bela manhã de sol, a mãe tomou nos braços a menina e, de novo,
falou:
- Que lindas mãozinhas, minha filhinha! O que de tão precioso têm, que
seguras assim tão firme, meu bem?
Dito isto, acariciou-lhe de novo as mãozinhas, puxando-lhe os dedinhos e
naquelas macias “conchinhas” depositou doces beijinhos! E o milagre, então,
aconteceu! Milhares de bênçãos inundaram o quarto, a casa, a família, os
amigos, o mundo...
Hoje Isabel Cristina, aquela doce menina, cresceu, virou gente grande,
não se lembra mais desta história. Casou-se e tem um filho amado – Saulo. Ela
não entende por que, todas as manhãs, beija-lhe as mãos carinhosamente e se
sente como se atendesse aos apelos do coração.
(...)
Ainda existe muita gente por aí, levando a vida com os punhos cerrados,
sem estender a mão ao próximo, indiferentes aos apelos de amor e de
fraternidade. Não receberam o gesto mágico de seus pais quando nasceram, e o
tesouro se perdeu. Não receberam os doces e mágicos beijos em suas mãos, que
libertariam o grande tesouro: as bênçãos que o Senhor lhes encarregou de
distribuir ao mundo.
Sandra Medina Costa
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