DULCÍSSIMA SOBERANA, se é
vosso ofício interpor-Vos como medianeira entre Deus e os pecadores, permiti
que Vos diga com Santo Tomás de Vilanova: Advocata nostra, officium tuum imple — «Ó advogada
nossa, cumpri o vosso ofício também para comigo». Não me digais que minha causa
é muito difícil de ganhar; porque sei, e todo o mundo m’o afirma, que nunca uma
causa, por desesperada que parecesse, se perdeu quando vos teve por defensora. Só
a minha correria risco? Não, não o temo.
Sem dúvida, se não
considerasse senão a multidão dos meus pecados, devera temer que vos
escusásseis a me defender. Mas considerando, ó Maria, a vossa imensa
misericórdia, e o extremo desejo que vive em vosso dulcíssimo Coração, de
ajudar os pecadores mais perdidos, nem isso temo. Quem é que já se perdeu
depois de ter recorrido a vós? Chamo-vos, pois, em meu socorro, ó minha
poderosa advogada, meu refúgio, minha esperança e minha Mãe. A vossas mãos
entrego a causa da minha salvação eterna; confio-vos a minha alma; ela estava
perdida, mas a vós toca salvá-la. Não deixo de dar graças ao Senhor por me ter
inspirado tão grande confiança em vós, a qual, não obstante a minha
indignidade, me dá segurança de salvação.
Um só temor ainda me
aflige, ó minha amadíssima Rainha; é perder um dia, por minha negligência, a
confiança que tenho em vós. Suplico-vos, pois, ó Maria, pelo amor que tendes a
vosso Jesus, conserveis e aumenteis em mim cada vez mais a doce confiança em
vossa intercessão; ela com certeza me fará recobrar a amizade de Deus, que tão
loucamente desprezei e perdi no passado. Uma vez recobrada esta amizade, espero
conservá-la por vosso socorro, e, conservando-a, chegar ao paraíso, para vos
render graças e cantar as misericórdias de Deus e as vossas, durante toda a
eternidade.
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