(Auta de Souza)
Entrou na Igreja sorrindo,
Coberta com um fino véu.
O seu rostinho era lindo
Como o da virgem do Céu.
Foi ajoelhar-se contrita
Ao pé do sagrado altar,
E, com piedade infinita,
Principiou a rezar.
Um doce sorriso veio
Encher-lhe a boca de luz.
Uniu as mãos sobre o seio,
Fitou os olhos na Cruz.
O que dizia... Alguém pode
Adivinhar o que diz
A prece que ao lábio acode
Enquanto a gente é feliz?
Nessa idade, para que
Se reza... (saberei eu?)
A gente reza porque
Também se reza no Céu.
E ela, tão meiga e pura,
Que não conhecia o mal,
E que guardava a ventura
No coração virginal;
Em sua fé de criança
Ingênua e cheia de amor,
Talvez pedisse a esperança
Para os que vivem na dor.
Talvez tivesse gemidos
Para quem vive a chorar,
Para os que vagam perdidos
Nas frias ondas do mar.
E enquanto o lábio querido
Orava piedoso assim,
Do negro olhar comovido
O pranto rolou por fim.
E deslizaram sem calma
As bagas por sua tez,
No desconsolo de um’alma
Que chora a primeira vez.
Su’alma santa onde moram
A Luz, a Inocência e o Bem,
Pedindo pelos que choram
Foi soluçando também.
E compreendendo o segredo
D’aquela doce emoção,
Eu disse baixinho, a medo,
Falando ao meu coração:
Benditos nós que sofremos
Varados por mágoa atroz...
Enquanto assim padecemos
Os anjos pedem por nós.
Coberta com um fino véu.
O seu rostinho era lindo
Como o da virgem do Céu.
Foi ajoelhar-se contrita
Ao pé do sagrado altar,
E, com piedade infinita,
Principiou a rezar.
Um doce sorriso veio
Encher-lhe a boca de luz.
Uniu as mãos sobre o seio,
Fitou os olhos na Cruz.
O que dizia... Alguém pode
Adivinhar o que diz
A prece que ao lábio acode
Enquanto a gente é feliz?
Nessa idade, para que
Se reza... (saberei eu?)
A gente reza porque
Também se reza no Céu.
E ela, tão meiga e pura,
Que não conhecia o mal,
E que guardava a ventura
No coração virginal;
Em sua fé de criança
Ingênua e cheia de amor,
Talvez pedisse a esperança
Para os que vivem na dor.
Talvez tivesse gemidos
Para quem vive a chorar,
Para os que vagam perdidos
Nas frias ondas do mar.
E enquanto o lábio querido
Orava piedoso assim,
Do negro olhar comovido
O pranto rolou por fim.
E deslizaram sem calma
As bagas por sua tez,
No desconsolo de um’alma
Que chora a primeira vez.
Su’alma santa onde moram
A Luz, a Inocência e o Bem,
Pedindo pelos que choram
Foi soluçando também.
E compreendendo o segredo
D’aquela doce emoção,
Eu disse baixinho, a medo,
Falando ao meu coração:
Benditos nós que sofremos
Varados por mágoa atroz...
Enquanto assim padecemos
Os anjos pedem por nós.
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