Um pequeno texto anônimo diz: “Erga a
mão o mais alto possível e Deus vai completar a distância que os separa”. É a
frase à que eu recorro durante aqueles momentos em que sinto chegar certa
escuridão emocional: a depressão.
[...]
Seja qual for a maneira pela qual você
chegou a um estado depressivo ou qual foi a história que o levou até a doença,
a chave nestes momentos é estender a mão e buscar o contato.
O estado de depressão não é um vazio. É
um espaço cheio de conhecimento diante do qual estamos momentaneamente cegos.
Quando tentamos alcançar esse conhecimento sozinhos, geralmente ficamos
cansados para continuar aprofundando. Por isso, sucumbimos às ondas de
desespero.
Buscar o contato não é um movimento
intuitivo quando estamos debilitados psicológica e espiritualmente. Embora
tenham nos ensinado que perder a esperança é virar as costas para Deus, o que é
pecado, há outro elemento do desespero que é negligenciado. Vem da Regra de
São Bento: “Em tudo Deus seja
glorificado”.
Em uma recente confissão, estando eu em
uma época de depressão, o padre me deu uma penitência bem concreta. Eu deveria
ler sobre Jesus caminhando sobre o mar tempestuoso e sobre o medo de Pedro (em
Mateus, 14). Depois, teria que refletir especificamente sobre o momento em que
Pedro se desespera e busca a ajuda de Nosso Senhor, naquele segundo antes de
Jesus tomar a mão dele.
Foi um momento cheio de dúvidas para
Pedro, cuja fé havia fraquejado. Também foi uma resposta intuitiva para uma
pessoa que estava se afogando fisicamente: estender a mão, tentar se agarrar a
qualquer coisa para salvar a própria vida.
O padre me sugeriu essa imagem para que
eu refletisse; uma metáfora para que eu voltasse a estender a mão para Cristo –
psicológica e espiritualmente. Eu fiquei surpresa com a rapidez com que o
instinto de sobreviver espiritualmente se emparelha ao desejo de viver
fisicamente quando se está esgotado e em águas profundas.
Na tranquilidade por saber que o Senhor
tomou a minha mão e que eu não afundarei, costumo ler esta oração. Às vezes,
leio-a até três vezes seguidas:
.
Permanece comigo, Senhor, pois eu
preciso que estejas presente para que eu não me esqueça de ti. Tu já sabes como
é fácil para mim te esquecer.
Permanece comigo, Senhor, pois sou
fraco e preciso da tua força para não cair tão frequentemente.
Permanece comigo, Senhor, pois tu és a
minha vida, e, sem ti, não tenho fervor.
Permanece comigo, Senhor, pois tu és a
minha luz, e, sem ti, sou trevas.
Permanece comigo, Senhor, para me
mostrar a tua vontade.
Permanece comigo, Senhor, para que eu
ouça a tua voz e te siga.
Permanece comigo, Senhor, pois eu quero
te amar muito e estar sempre em tua companhia.
Permanece comigo, Senhor, se desejas
que eu seja fiel a ti.
Permanece comigo, Senhor, pois, por
mais pobre que seja a minha alma, quero que ela seja um lugar de consolo para
ti, um ninho de amor.
Amém.
(São Pio de Pietrelcina – Oração para
depois da Comunhão)
A depressão é uma batalha e, para
muitos de nós, uma cruz para carregar por toda a vida. Ao carregá-la da melhor
forma possível, podemos, ao mesmo tempo em que pedimos ajuda, ser conduzidos a
uma maturidade mais profunda na fé. Algo que, como a maioria das virtudes, não
é tão simples de conquistar.
[Desconheço a autoria]
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