Advento: muitas perguntas e
uma pequena luz
O que Deus quer que eu procure (e encontre) nestes
dias de espera?
Quisera eu ter o dom de decifrar os sinais deste
mundo, em que tudo passa tão depressa!
Hoje, ouvi: “Haverá sinais no sol, na lua e nas
estrelas; e na terra”. Há muito sinais em meu dia. Muitos sinais de esperança e
desesperança.
Olho ao redor. E vejo mortes, guerras,
perseguições. Fome, pobreza, injustiça. E tenho medo. Onde fica a esperança?
Onde nasce o Reino de Deus? Quem espera que Jesus nasça?
Como entender as coisas difíceis que acontecem na
minha vida? Como interpretar as vozes de Deus, que clamam diante de mim?
Procuro respostas.
Costumo desejar que os outros me mostrem o sentido
do que acontece. Que me expliquem tudo. Que me faça ver o que Deus quer de mim.
Gostaria de ser mais sábio. Ter mais luz no olhar e
na alma. Gostaria ter mais respostas e menos perguntas.
Olho para o céu querendo ver Deus. Creio que, para
saber ler os sinais de Deus na minha vida, tenho que estar próximo da fonte de
que brota a água. Mais unido a Deus.
O Padre José Kentenich dizia: “Em tempos em que não
se quer saber nada de Deus, que maravilhoso é ser uma pessoa cheia de Deus!”.
Para saber discernir, preciso estar unido a Jesus,
cheio do seu amor. Ele é a luz que dá início ao Advento. A primeira vela dá um
pouco de luz para discernir.
Como dizia Bento XVI: “Ser cristão implica sair do
âmbito do que todos pensam e querem, dos critérios dominantes, para entrar na
luz da verdade sobre nosso ser”.
Ser cristão exige mudanças de perspectiva. Sair do
olhar que todo mundo tem para olhar a vida com os olhos de Deus. É uma mudança
radical.
Comenta o Papa Francisco: “O que importa é que cada
pessoa que acredita identifique seu próprio caminho e tire da luz o melhor de
si, aquilo pessoal que Deus colocou nele”.
Um olhar sobre a vida que nos ajude a interpretar
corretamente os desígnios de Deus. A luz de uma vela não é o bastante. Mas já é
algo. Uma luz na escuridão acaba com as trevas. Uma tênue luz basta para rasgar
o véu da noite.
Às vezes, creio que não tenho tanta luz em minha
alma. Mas penumbra e escuridão. Estou cego e não sei ver bem como sou.
Busco uma saída até a luz. Por onde vai meu caminho
de Advento? O que Deus quer que eu busque e encontre nestes dias de espera?
Coloco-me no caminho sem muita luz. Mas com
esperança. Quero que a luz de Deus brilhe com força em mim. A primeira vela. Ao
meu redor quero luz. Gosto de iluminar. Criar espaços abertos de esperança.
Gosto quando minha voz incentiva os outros. Umas gotas de água fresca na sede
do deserto. Um pouco de alegria em meio a lágrimas.
Não sei se as minhas palavras funcionam sempre. Mas
quero dar luz, não sombras. Quero dar alegria, não tristeza. Quero fazer do meu
caminho um pedaço de esperança em meio a tantos sinais que me tiram a ilusão.
Gosto de ver a vida dessa maneira. Começo meu
caminho do Advento até Belém. Quero ter em minhas mãos a estrela que marca o
caminho. Uma estrela que ilumina a noite. Quero aspirar o máximo, como dizia
Padre Kentenich: “Sempre foi a mesma ideia, apontar para as estrelas, o
radicalismo. E quando, no passado, houve flores e frutos, sempre originaram
desse espírito de heroísmo”.
O Advento me dá forças para mostrar esperança para
os outros. Primeiro eu a semeio em minha alma. E sua presença me ilumina.
Mostra-nos, Senhor, tua misericórdia e tua
salvação. Assim começo o caminho.
“Deixa-me ver, Senhor,
com a tua luz, o sentido de minha vida. Assim eu peço neste advento. Quero mais
luz e menos sombras. Mais alegrias e menos tristezas. Mais esperança e menos
dor.
(Fonte: Via Aleteia)