“Dizem que antes de um rio entrar no mar, ele treme
de medo. Olha para trás, para toda a jornada que percorreu, para os cumes, as
montanhas, para o longo caminho sinuoso que trilhou através de florestas e
povoados, e vê à sua frente um oceano tão vasto, (...) que entrar nele nada
mais é do que desaparecer para sempre. Mas não há outra maneira. O rio não pode
voltar. Ninguém pode voltar. Voltar é impossível na existência. O rio precisa
se arriscar e entrar no oceano. E somente quando ele entrar no oceano é que o
medo desaparece, porque apenas então o rio saberá que não se trata de
desaparecer no oceano, mas de tornar-se oceano.”
(Eduardo Rodrigues)
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