A Quarta-feira de Cinzas marca o início da Quaresma,
tempo de penitência e oração mais intensa. [...] As cinzas bentas e colocadas
sobre as nossas cabeças nos fazem lembrar que vamos morrer, que somos pó e ao
pó da terra voltaremos (cf. Gn 3, 19).
A intenção desse sacramental é nos levar ao
arrependimento dos pecados, é fazer-nos lembrar que não podemos nos apegar a
esta vida, achando que a felicidade plena possa ser construída aqui. [...]
Não busque construir o Céu na Terra
[...] Devemos lutar para deixar a vida na Terra cada
vez melhor, mas sem a ilusão de que ficaremos sempre aqui.
Deus dispôs tudo de modo que nada fosse sem fim nesta
vida. Qual seria o desígnio do Senhor nisso? A cada dia de nossa vida, temos de
renovar uma série de procedimentos, como dormir, tomar banho, cuidar da nossa
alimentação etc. Tudo é precário, nada é duradouro, tudo deve ser repetido
todos os dias. A própria manutenção da vida depende do bater interminável do
coração e do respirar contínuo dos pulmões. Todo o organismo repete, sem
cessar, suas operações para a vida se manter. Tudo é transitório, nada é
eterno. [...]
Estamos de passagem na Terra
A razão inexorável dessa precariedade das coisas
também está nos planos de Deus. A marca da vida é a renovação. Tudo nasce,
cresce, vive, amadurece e morre. A razão profunda dessa realidade tão
transitória é a lição cotidiana que o Senhor nos quer dar de que esta vida é
apenas uma passagem, um aperfeiçoamento, em busca de uma vida duradoura, eterna
e perene. [...]
Doar para os outros e para Deus
A efemeridade das coisas é a maneira mais prática e
constante encontrada por Deus para nos dizer, a cada momento, que aquilo que
não passa, que não se esvai, que não morre, é aquilo de bom que fazemos para
nós mesmos, principalmente para os outros. Os talentos multiplicados no dia a
dia, a perfeição da alma buscada na longa caminhada de uma vida de meditação,
de oração e piedade, essas são as coisas que não passam, que o vento do tempo
não leva e que, finalmente, vão nos abrir as portas da vida eterna e definitiva,
quando “Deus será tudo em todos” (cf. 1 Cor 15,2).
A transitoriedade de
tudo o que está sob os nossos olhos deve nos convencer de que só viveremos bem
esta vida se a vivermos para os outros e para Deus. São João Bosco dizia que
“Deus nos fez para os outros”. Só o amor, a caridade, o oposto do egoísmo, pode
nos levar a compreender a verdadeira dimensão da vida e a necessidade da
efemeridade terrena. [...]
Prof.
Felipe Aquino – Via Canção Nova
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