Já ouvimos muito falar da senhora
idosa, num canto da rua, confusa e hesitante na tentativa de fazer a travessia
diante de um tráfego intenso. Temerosa, ela não conseguia sair do lugar. Finalmente
apareceu um cavalheiro que, tocando-a, perguntou se poderia atravessar a rua
com ela. Alegre e muito agradecida, a senhora tomou seu braço e juntos partiram
em direção ao lado oposto. Foi então que ela começou a ficar mais apavorada ao
ver que o cavalheiro ziguezagueava pelo meio da rua enquanto buzinas soavam e freios
eram acionados com motoristas dizendo palavras ofensivas. Quando finalmente
chegaram ao outro lado, ela, furiosa, lhe disse:
- Você quase nos matou. Você
caminha como se fosse cego!
- Mas eu sou. Foi por isso que
lhe perguntei se poderia atravessar junto com a senhora.
Em muitas ocasiões nos encontramos aflitos e temerosos diante de situações
difíceis e, aparentemente, sem solução. Ficamos fragilizados e hesitantes e,
quando aparece alguém propondo uma saída, logo abraçamos a nova possibilidade
sem o cuidado de verificar se estamos trilhando terra firme ou nos dirigindo a
um precipício.
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