Seja
onde for ou diante de quem for, compadece-te. Ninguém se aproximaria de ti, no
intuito de aumentar a carga dos próprios sofrimentos.
Há
quem te busque na expectativa de obter uma fatia de pão ou alguma pequena
parcela de teus recursos, no entanto, muito mais que semelhantes companheiros,
outras criaturas te procurarão a companhia.
Esse
amigo suposto privilegiado da fortuna, conquanto a conversação amena com que se
distingue, aguarda de ti essa ou aquela frase de reconforto, em vista de trazer
o coração retalhado de angústia diante da esposa, a exigir-lhe separação; outro
que conseguiu engajar-se no poder, em dialogando contigo, indiretamente,
roga-te palavras de amparo que lhe balsamizem as enfermidades ocultas; e ainda
outro que se te afigura inteligente, mas frívolo, escuta-te as impressões em
torno desse ou daquele assunto, ansiando receber-te algum apontamento que lhe
arranque as ideias de delinquência.
A
mulher que te surge, à frente, adornada em excesso, estará procurando algum
argumento que lhe evite a queda nas teias do suicídio e aquela outra que se te
mostra, algumas vezes, maquilada em demasia, jaz talvez no serviço sacrificial
com que mantém um filho no sanatório.
Ouve
os que te busquem a presença ou a palavra, com bondade e simpatia.
Não
te fixes no que te parece; medita naquilo que provavelmente se encontra por
trás das circunstâncias a esmolar-te auxílio e comiseração.
Dispõe-te
a compreender, a fim de que possas auxiliar.
Compadece-te
de teus pais, de teus filhos, de teus irmãos, de teus amigos e adversários.
Conta-se
que o Apóstolo João, o Evangelista, despendeu dilatados janeiros pesquisando as
expressões exatas com as quais pudesse explicar a natureza de Deus, mas, em
seguida, a esforço longo e gigantesco, encontrou a procurada definição nestas
três palavras: "Deus é Amor."
(Francisco C. Xavier)
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