O perdão, filhos e filhas, nos purifica, nos lava e
principalmente nos liberta. É um mandamento de Jesus e nós somos constantemente
perdoados por Deus, que nos amou primeiro. E, porque somos perdoados e amados
por Deus, devemos também perdoar. Mas sejamos honestos, ao perdoar não agimos
só movidos por amor, por complacência ou benevolência, perdoamos porque foi
isso que Jesus nos pediu.
Quem se fecha à graça do perdão fica preso ao
passado, à dor, à mágoa, à raiva e, às vezes, até ao desejo de vingança,
sentimentos tóxicos que acabam bloqueando o futuro. Além disso, podem gerar
doenças psicossomáticas, pois reduzem a imunidade do organismo e abrem espaço
para as enfermidades oportunistas.
Há, também, aqueles que acham difícil perdoar,
porque ainda não entenderam que perdoar não se trata de desculpar ou minimizar
a ofensa sofrida e fingir que nada aconteceu. Agir dessa forma significa
mascarar o problema, como colocar um curativo em cima de uma ferida que ainda
contém sujeira. Ela pode até aparentar estar cicatrizada, mas, por baixo da
casca, a infecção permanece.
Insisto: a ferida precisa ser raspada, sangrada,
para haver cicatrização. Desculpar não é perdoar, e o perdão só cura quando
reconhecemos a dor, conversamos sobre a ofensa e, apesar de admitir ao outro
que ele agiu mal e nos machucou, escolhemos não alimentar a tristeza, não
guardar ressentimentos e, em Deus, perdoamos suas fraquezas e limitações.
Quando se perdoa, não se esquece. A memória do que
passamos não se apaga e nem Deus pede que a apaguemos, mas, se no momento em
que lembrarmos daquilo que nos fizeram, o sentimento que brotar for mágoa ou
dor, é sinal de que não houve perdão.
Quando perdoamos de fato, a lembrança daquilo que
foi cometido contra nós deixa de ter poder destrutivo e não desperta mais
emoções negativas, dando-nos força para prosseguir. Já os que não trilham esse
caminho, tendem a se tornar agressivos e vingativos.
Não guardemos mágoas, não fiquemos rancorosos, não
azedemos nossa alma, porque a ausência do perdão bloqueia até a oração. Toda a
pessoa que tem muita dificuldade de rezar devia se perguntar, se não está com
excesso de mágoa, de inimizade? Qual a relação? É bíblico: “Se estás, portanto,
para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que teu irmão tem
alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro
reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta”. (Mt 5,23-24)
Então, a falta de perdão causa um bloqueio em nossa
comunhão com Deus e com o irmão. Na verdade, somente perdoa quem entendeu o
valor do perdão recebido de Deus. Quanto mais uma pessoa vive a experiência
desse amor e perdão, maior é a sua capacidade de perdoar.
O perdão cura, liberta e propicia crescimento
pessoal e espiritual.
Deus os abençoe.
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