[...] Abrindo os ouvidos e
olhos da alma, ao encontrar na areia uma conchinha que toca nossos pés, podemos
perceber sua simplicidade e também que ela possui concavidade peculiar feita
para acolher uma vida que nela é gerada. E olhando para ela, imaginando além,
podemos lembrar que antes de se abrir, aquela conchinha estava fechadinha e
possuía duas faces extremamente unidas. Ela trazia em si uma vida que um dia,
depois de madura, pôde se abrir e servir de alimento para outras criaturas. Não
são lições para nós – de simplicidade, disponibilidade, serviço desinteressado?
Ao observarmos ainda,
aquela conchinha aberta perdida ali na areia, com seu pequeno corpo mineral
voltado para o Céu como que glorificando ao seu Criador, podemos pensar: Será
que meu coração também não precisa se abrir mais para louvar e dar glórias a
Deus?
Pense na conchinha, depois
de gerar nela uma vida, se abre para dar graças ao Autor de toda a vida.
Parecem duas mãos abertas em gesto de louvor silencioso. Jesus, certa vez, não
disse que se os homens não O louvassem, as pedras o fariam? Elas são como
pedras que louvam o Criador. Não são lições para nós?
“Tudo o que criastes
proclama o Vosso louvor!”
Se não houvesse o mar,
aquela conchinha não estaria ali e se não fosse pelo amor e pela vontade de
Deus, nada disso existiria. Nem mesmo nós. Não são estes bons motivos para
louvar a Deus?
Quantas outras surpresas
pode nos trazer o mar! Quanto de Deus ele nos fala…
Certa vez, ao final de uma
caminhada pela praia, encontrei o mais enigmático caramujo. Dentro dele também
um dia, houve uma vida, para a qual ele serviu de casa e proteção. Depois de
hospedar essa criatura, ficou abandonado na praia e foi colhido por mim como
uma lembrança do mar para alguém. Aceitou ser esquecido e abandonado na areia…,
satisfeito de ter cumprido sua missão como uma criatura inorgânica, dando
assim, a seu modo, glória ao Criador. E o bichinho que dali saiu talvez possa
nos dizer que o mar da vida é cheio de perigos, e que é preciso viver um tanto escondido
e bem protegido pela graça de Deus como o caramujo.
Enfim, o apelo que faço a
você neste dia é: abra os ouvidos da alma e ouça a Voz do Criador que fala sem
cessar no silêncio do coração. Isto é meditar. Isto é espiritualidade.
(Prof. Felipe Aquino)
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