Conta-se
que um amigo levou um índio para passear no centro de São Paulo. Seus olhos não
conseguiam acreditar na altura dos edifícios e ele mal conseguia acompanhar o
ritmo frenético das pessoas indo e vindo. Espantava-se com o barulho ensurdecedor
das sirenes, dos automóveis, as pessoas falando em voz alta. De repente o índio
falou:
-
Ouço um grilo...
O
amigo espantado retrucou:
-
Impossível ouvir um inseto tão pequeno nessa confusão!
O
índio insistiu que ouvia o cantar de um grilo. Tomando o seu cicerone pela mão,
levou-o até um canteiro de plantas. Afastando as folhas, apontou para o pequeno
inseto.
-
Como? - perguntou o amigo, ainda sem crer.
O
índio pediu-lhe algumas moedas, e então as jogou na calçada. Quando elas caíram
e se ouviu o tilintar do metal, muita gente se voltou:
-
Escutei o grilo porque o meu ouvido está acostumado com este tipo de barulho.
As pessoas aqui ouvem o dinheiro caindo no chão porque foram condicionadas a
reagirem a esse tipo de estímulo. Depois arrematou:
-
A gente ouve o que está acostumado ou treinado a ouvir.
Vivemos
em um mundo materialista. A vida nos impõe que sejamos muitas vezes duros.
Acabamos nos tornando céticos. A voz de Deus não é ouvida senão por aqueles que
têm o ouvido sensível. Muitas vezes a correria da vida e as agitações da nossa
alma inquieta não nos permitem perceber o Divino. Treinamos os nossos sentidos
para reagir apenas aos impulsos da sobrevivência, mas há realidades que só se
percebem com o espírito. Aqueles que aquietam o coração e se deixam tocar pelo
Eterno, escutam o sussurro de DEUS.
Marcos
Tramontim Serafim – Araranguá/SC
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