A
pedra perguntou ao martelo que a espancava:
-
Por que me quebras assim?
O
martelo não respondeu; contudo, em breve tempo, o bloco burilado se fez
destaque na base de formoso edifício.
O
minério indagou do forno superaquecido que o transmutava:
-
Dize a razão pela qual me enlouqueces de sofrimento?
O
forno silenciou; no entanto, depois de alguns dias, apareceu na condição de aço
em alto preço.
O
tronco argumentou com a lâmina que o serrava:
-
Por que me atormentas?
A
lâmina permaneceu muda; mas, após algumas semanas, o tronco dividido em folhas
diversas, era a estrutura principal de um barco importante.
O
barro interrogou ao molde que o constringia:
-
Por que me oprimes tanto?
O
molde não formulou resposta alguma; entretanto, além de algum tempo surgiu na
loja por vaso raro.
O
Homem igualmente, vezes sem conta, interpela Deus:
-
Senhor, porque me martirizas e me afliges?
Deus,
porém, não responde.
Acontece
que o espírito humano dispõe de livre arbítrio para aceitar ou não a dor que o
aperfeiçoa. Enquanto recalcitra contra as leis do progresso e do aprimoramento
próprio, sofre e deblatera, indefinidamente; no entanto, quando se decide a
obedecer aos princípios que lhe controlam a escalada para a Grandeza Suprema do
Universo, chega sempre o dia no qual vem, a saber, os prodígios de sabedoria e
amor, luz e beleza em que Deus o transformará.
Não
passes indiferente, diante da dor.
Onde encontres qualquer fagulha de discórdia,
auxilia a extingui-la nas fontes de paciência e da tolerância.
(Meimei)
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