Fim
e começo de Ano lembram sempre a passagem do tempo. “Como voa!”, costuma-se
dizer. Segundo Ap 10, 6, um anjo proclamará certa vez: “Já não haverá mais
tempo!” – Estes dizeres poderão trazer alegria a quem, lutando sem cessar,
preencheu santamente os seus dias. Mas poderá despertar com susto e dissabor
quem for colhido de surpresa e despreparado.
Muitas
vezes só apreciamos os valores que temos, depois que desaparecem, e tomamos
consciência de haver lidado com grandes bens sem se dar plena conta disto.
Assim também é o tempo; pode parecer insignificante, mas, uma vez perdido,
aparece com todo o seu valor.
O
começo de novo Ano sugere uma reflexão sobre estes fatos, a fim de que não se
repitam. O tempo vale no plano da fé; sim, é o tempo resgatado pelo sangue de
Cristo, “o tempo oportuno, os dias da salvação” (2Cor 6, 2). E por que tão
importante? Porque nas 24 horas de cada dia já se iniciou o Reino de Deus.
Consciente disto, dizia São Paulo: “O tempo se fez breve” (1Cor 8, 29). O tempo
do cristão é enriquecido pela presença do Eterno dentro da fragilidade do
mundo. Aliás, “passa a figura deste mundo” (1Cor 7,31).
Estas
verdades se tornam ainda mais significativas no começo de novo Ano. Com efeito;
ressoa então mais vivamente a advertência do Apóstolo: “A nossa salvação está
agora mais próxima do que quando começamos a acreditar ou a viver a nossa fé”
(Rm 13, 11). E continua o Apóstolo: “A noite vai adiantada, o dia se aproxima”;
na verdade, para quem sofre de insônia, a noite é tanto mais penosa quanto mais
adiantada: mas este sofrimento especial é garantia de término próximo.
Assim
é a vida do cristão: passada na penumbra ou mesmo na noite da fé, quanto mais
avançada em anos ela é, tanto mais penosa pode ser, mas também tanto mais
penetrada pelos raios do dia que vai despontando e aos poucos dissipará as
trevas.
Importa,
pois, a todo discípulo de Cristo levar cada vez mais a sério a exortação do
Senhor: “Vigiai, pois não sabeis nem o dia nem a hora” (Lc 12, 35-40). Qualquer
momento pode ser o último e há de ser intensamente vivido na presença do
Eterno.
Que
o novo Ano signifique para todos os nossos leitores uma aproximação ainda mais
consciente da luz do Dia sem ocaso!
(Prof. Felipe Aquino)
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