“A
verdadeira oração se realiza no segredo, na consciência, do fundo do coração:
com Deus é impossível fingir, é como o olhar de duas pessoas, o homem e Deus,
quando se cruzam”.
Mas
apesar disso, Jesus não nos ensina uma oração individualista. Não deixamos o
mundo fora da porta do nosso quarto, levamos as pessoas e situações em nosso
coração.
“Na
oração do Pai Nosso, há uma palavra que brilha pela sua ausência: uma palavra
que em nossos tempos – como talvez sempre – todos consideram importante: a
palavra ‘eu’.”
Primeiramente
nos dirigimos a Deus como a Alguém que nos ama e escuta (seja santificado o
vosso nome, venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade) e, depois,
quando lhe apresentamos uma série de petições (dai-nos hoje o nosso pão
cotidiano, perdoai as nossas ofensas, não nos deixeis cair em tentação,
livrai-nos do mal), as fazemos na primeira pessoa do plural – “nós” – isto é,
rezamos como uma comunidade de irmãos e irmãs.
Até
as necessidades mais elementares do homem – como ter alimento para saciar sua
fome – são todas feitas no plural. Na oração cristã, ninguém pede o pão para
si, mas o suplica para todos os pobres do mundo.
Na
oração, o cristão leva todas as dificuldades e sofrimentos de quem está ao seu
lado, tanto dos amigos como de quem lhe faz mal, imitando a compaixão que Jesus
sentia pelos pecadores.
Mas
pode acontecer – afirmou o Papa – que alguém não perceba o sofrimento a seu
redor, não sinta pena pelas lágrimas dos pobres, fique indiferente a tudo. Isto
significa que seu coração está petrificado. Neste caso, seria bom pedir ao
Senhor que o toque com o seu Espírito e sensibilize seu coração.
Cristo
não ficou alheio às misérias do mundo. Toda vez que percebia uma solidão, uma
ferida no corpo ou no espírito, sentia forte compaixão.
[O
Papa então perguntou:] “quando rezamos, abrimo-nos ao grito de tanta gente,
próxima ou distante? Ou penso na oração como uma espécie de anestesia, para
ficar mais tranquilo? Isto seria um terrível equívoco”.
A
oração deve abrir o coração ao próximo para que amemos com um amor compassivo e
concreto, sabendo que tudo aquilo que fizermos “a um destes meus irmãos mais
pequeninos, – afirma Jesus – foi a mim mesmo que o fizestes.”
(Papa Francisco - Vatican News)
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