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quinta-feira, 11 de outubro de 2018

A predileção de Nosso Senhor pelas crianças



O sentido maravilhoso do convite de Jesus a nos tornarmos adultos na compreensão, mas puros como os pequeninos
A predileção de Nosso Senhor pelas crianças se exprime constantemente no Evangelho. Quando os discípulos perguntaram ao Mestre (Mt 18, 1): “Quem é o maior no reino dos céus?”, Jesus, fazendo vir um menino, pô-lo no meio deles e disse:
“Na verdade vos digo que se vos não converterdes e vos não tornardes como meninos, não entrareis no reino dos céus. Todo aquele, pois, que se fizer pequeno, como este menino, esse será o maior no reino dos céus. E o que receber em meu nome um menino como este, é a mim que recebe. Porém, o que escandalizar um destes pequeninos, que creem em mim, melhor lhe fora que se pendurasse ao pescoço a mó que um asno faz girar, e que o lançassem no fundo do mar”.
Nosso Senhor quer nos dizer que, aos olhos de Deus, independente do que formos, independente de nossa ciência, de nossa autoridade, devemos sempre ser como crianças pequeninas, pela consciência de nossa fraqueza, de nossa fragilidade, de nossa dependência, de nossa humildade e simplicidade. Enquanto o homem torna-se, com a idade, cada vez mais independente de seu pai e de sua mãe, o cristão, para alcançar a união divina, prelúdio da vida eterna, deve tomar consciência cada vez maior de sua dependência ao Pai do céu; deve ser, cada vez mais, o infante de Deus; tornar-se mais humilde, simples, filial e abandonado; tem de chegar a não pensar, não querer, não agir, senão por seu Pai e para Ele. É isto que se vê na vida dos santos, cuja fidelidade ao Espírito Santo faz entrar nas vias ditas passivas: eles são, mais e mais, como crianças aos olhos de Deus; confiam em Deus de modo absoluto e já não usam de sua atividade própria senão para conseguir tornar-se mais dependentes d’Ele. Compreendem bem que nossa salvação é mais certa se posta nas suas mãos que nas nossas.
Os santos também encontram meios de realizar as duas partes da palavra de S. Paulo (1 Cor 14,20):
“Irmãos, não sejais meninos na compreensão mas sede pequeninos na malícia”.
Foi assim que o confessor de Santo Tomás de Aquino disse que a confissão que este grande teólogo fizera antes de morrer mostrava sua alma inocente como a de uma criança de cinco anos. A oração de Santo Tomás devia ser também das mais simples, das mais filiais e das mais humildes.
Os grandes santos gostam de lembrar que Jesus dizia (Mc 10,14):
“Deixai vir a mim os pequeninos, e não os embaraceis, porque destes tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo: Todo o que não receber o reino de Deus como um menino, não entrará nele. E abraçando-os, e impondo-lhes as mãos, os abençoava”.
Enfim, pensando em todos aqueles que parecem com os pequeninos pela maneira humilde e simples de receber a palavra divina, Jesus dizia (Mt 11,25):
“Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondestes estas coisas dos sábios e aos prudentes, e as revelastes aos pequeninos. Assim é, ó Pai, porque assim foi do teu agrado”.
É este mesmo ensinamento que hoje nos é dado pelo trabalho da graça nas almas das crianças de que acabamos de falar; é com alegria que acompanhamos nelas o desenvolvimento deste germe da vida eterna que o batismo lhes deu e que, por vezes, tão rapidamente chega à derradeira eclosão.
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Excerto de texto do Pe. Réginald Garrigou-Lagrange, O.P., publicado originalmente em La Vie Spirituelle, nº 137, Fevereiro de 1931.

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