Que
a infância seja respeitada. Que toda criança tenha o direito de crescer, fluir
sob a autoridade amorosa dos que a ajudam a descobrir a ética do bem viver.
Que
a inocência não a abandone antes da hora. Que nunca lhe falte a mão pedagoga,
condutora, o abraço que afugenta o medo e a ordem que lhe faz desbravar o mundo
em pequenas medidas. Infância é o tempo sagrado em que a submissão faz sentido.
Alguém decide por nós o que ainda não sabemos decidir sozinhos. Permitir escolher
ao que ainda não está preparado para a escolha é desproteger. Não é inteligente
contradizer a Ciência. O desenvolvimento do juízo moral é processual. Cabe aos
tutores o acompanhamento em cada fase da vida. Infância é o tempo dos sins que
facilitam, mas também das restrições que protegem.
Que
toda criança tenha o direito à tutela do amor respeitoso. É nesse seio que
deveríamos aprender as regras da fragilidade. Que nossos espaços humanos não
desprotejam, tampouco instrumentalizem a infância com o intuito de fortalecerem
a violenta crueldade do mundo. Que nossos meninos e meninas possam ser frágeis
ao nosso lado, sem que isso lhes seja sinal de perigo. Proteger a infância é
proteger o direito humano à fragilidade. O que não pode ser frágil a seu tempo
sucumbe antes da hora. É a partir da fragilidade que descobrimos a força que
nos habita. Onde houver uma criança desprotegida, lá o mundo inteiro padece,
retrocede.
(Padre
Fábio de Melo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário