Deus, por quem
tende a ser tudo aquilo que por si só não existiria. Deus, que não permites que
pereça nem mesmo aquilo que se destrói. Deus, que do nada criaste este mundo, o
qual acham belíssimos os olhos de todos os que o contemplam. Deus, que não
fazes o mal e fazes que este não seja pior. Deus, que mostras aos poucos que se
aproximam do que é verdadeiro, que o mal é nada. Deus, por quem todas as coisas
são perfeitas, ainda com a parte que lhes toca de imperfeição. Deus, por quem
se atenua ao máximo qualquer dissonância quando as coisas piores se harmonizam
com as melhores. Deus, a quem amam, consciente ou inconscientemente, todos os
que possam amar. Deus, em quem todas as coisas subsistem e para quem, contudo,
não é torpe a torpeza de qualquer criatura, a quem não prejudica a sua malícia
nem o afasta o seu erro. Deus, Pai da verdade, Pai da Sabedoria, pai da
verdadeira e suprema vida, Pai da felicidade, Pai do que é bom e belo, Pai da
luz inteligível, Pai do nosso desvelo e iluminação, Pai da garantia pela qual
somos aconselhados a retornar a ti.
Santo Agostinho
(† 430) – Solilóquios
Fonte: CATALFO,
Carlos Eduardo O poder da oração: rezar com o Espírito Santo / Carlos
Eduardo Catalfo - Aparecida, SP: Editora Santuário, 1999.
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