Prof.
Felipe Aquino
Santa
Mônica é o exemplo claro do poder da oração das mães pelos filhos. Ela nasceu
em Tagaste (África), em 331, de família cristã. Muito jovem, foi dada em
casamento a um homem pagão chamado Patrício, de quem teve vários filhos, entre eles Agostinho, cuja conversão
alcançou da misericórdia divina com muitas lágrimas e orações. É um modelo
perfeito de mãe cristã. Morreu em Óstia (Itália) no ano 387.
Deus estabeleceu uma lei: precisamos pedir a Ele as graças
necessárias em nossa vida, para sermos atendidos. Jesus foi enfático: “E eu vos
digo: pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois
todo aquele que pede, recebe; aquele que procura, acha; e ao que bater, se lhe
abrirá” (Lc 11,8-10). Quem não pede não recebe.
Jesus disse isso depois de contar aquele caso do vizinho que
bateu na porta da casa do outro para pedir um pouco de pão à meia noite, porque
tinha recebido uma visita e estava sem pão. Como o outro não quis atendê-lo,
Jesus disse: “Eu vos digo: no caso de não se levantar para lhe dar os pães por
ser seu amigo, certamente por causa da sua importunação se levantará e lhe dará
quantos pães necessitar”.
Ora, o que Jesus está querendo nos ensinar com isso?
Que devemos fazer o mesmo com Deus. Importuná-lo! Mas, por
que Deus faz assim? É para saber se de fato confiamos Nele; se temos fé de
verdade, como aquela mulher cananeia, que não era judia, mas que pediu com
insistência que curasse o seu filho endemoniado (Mt 15, 22). Se a gente pede
uma vez ou duas, e não recebe, e não pede mais, é porque não confiamos Nele.
Santo Agostinho ensinou o seguinte: “Deus não nos mandaria
pedir, se não nos quisesse ouvir. A oração é uma chave que nos abre as portas
do céu. Quando vires que tua oração não se apartou de ti, podes estar certo de
que a misericórdia tão pouco se afastou de ti. Os grandes dons exigem um grande
desejo porquanto tudo o que se alcança com facilidade não se estima tanto como
o que se desejou por muito tempo. Deus não quer dar-te logo o que pedes, para
aprenderes a desejar com grande desejo”.
Ninguém como ele entendeu a força da oração de uma mãe por
seu filho; pois durante vinte anos sua mãe, Santa Mônica, rezou pela conversão
dele, e conseguiu. Ele mesmo conta isso no seu livro “Confissões”.
Ele disse que sua mãe ia três vezes por dia diante do
Sacrário em Hipona, e pedia a Jesus que seu Agostinho se tornasse “um bom
cristão”. Era tudo que ela queria, não pedia que ele fosse um dia padre, bispo,
santo, doutor da Igreja e um dos maiores teólogos e filósofos de todos os
tempos. Mas Deus queria lhe dar mais. Queria mais de Agostinho, esse gigante da
Igreja; então, ela precisava rezar mais tempo e sem desanimar. E Santa Mônica
não desanimou, por isso temos hoje esse gigante da fé. Fico pensando se ela
parasse de rezar depois de pedir durante 19 anos… Não teria o seu filho
convertido. E nós não teríamos o Doutor da Graça.
Quando Agostinho deixou a África do Norte, e foi ser o orador
oficial do imperador romano, em Milão, ela foi atrás dele. Tomou o navio,
atravessou o Mediterrâneo, e foi rezar por seu filho. Um dia, foi ao bispo de
Milão, em lágrimas, dizer-lhe que não sabia mais o que fazer pela conversão de
seu Agostinho, que o bispo bem conhecia por sua fama. Simplesmente o bispo lhe
respondeu: “Minha filha, é impossível que Deus não converta o filho de tantas lágrimas”.
E aconteceu. Santo Agostinho, ouvindo as pregações de Santo
Ambrósio, bispo de Milão, se converteu; foi batizado por ele, e logo foi
ordenado padre, escolhido para bispo, e um dos maiores santos da Igreja. Tudo
porque aquela mãe não se cansou de rezar pela conversão de seu filho… vinte
anos!
Santo Agostinho disse nas “Confissões” que as lágrimas de sua
mãe diante do Senhor no Sacrário, eram como “o sangue do seu coração destilado
em lágrimas nos seus olhos”. Que beleza! Que fé!
É exatamente o que a Igreja ensina: que nossa oração deve ser
humilde, confiante e perseverante. Humilde como a do publicano que batia no
peito e pedia perdão diante do fariseu orgulhoso; confiante como a da mãe
cananeia e perseverante como a da mãe Mônica. Deus não resiste às lágrimas e as
orações de uma mãe que reza assim.
Santo Agostinho resume com estas palavras a vida de sua mãe:
“Cuidou de todos os que vivíamos juntos depois de batizados, como se fosse mãe
de todos; e serviu-nos como se fosse filha de cada um de nós”.
O exemplo de Santa Mônica ficou gravado de tal modo na mente
de Santo Agostinho que, anos mais tarde, certamente lembrando-se da sua mãe,
exortava: “Procurai com todo o cuidado a salvação dos da vossa casa”. Já se
disse de Santa Mônica que foi duas vezes mãe de Agostinho, porque não apenas o
deu à luz, mas resgatou-o para a fé católica e para a vida cristã. Assim devem
ser os pais cristãos: duas vezes progenitores dos seus filhos, na sua vida
natural e na sua vida em Cristo.
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