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sábado, 2 de junho de 2018

Caridade



(Fabiano de Cristo)

Sem a caridade, tudo, na Terra que povoamos, seria o caos do princípio.
A ciência ateará sempre a chama da palavra nos lábios humanos, erguendo pedestais à inteligência; mas, sem a caridade de Jesus, que alimenta o corpo e sustenta a vida, debalde se levantarão púlpitos e monumentos.
Todos os patrimônios que enriquecem o homem foram acumulados pela graça do Senhor, considerando o progresso em seus alicerces profundos.
A caridade divina é tangível em toda parte.
Caridade é o ar que respiramos, a luz que nos aclara os caminhos, o grão que nos supre de forças, o pano que nos envolve, a afeição que nos acalenta, o trabalho que nos aperfeiçoa e a experiência que nos aprimora.
O mundo inteiro é uma instituição de amor divino, a que nos acolhemos para amealhar a riqueza do futuro. A caridade é a coluna central que o mantém. Sem ela, que exprime paciência e humildade, serviço e elevação, a máquina da vida paralisaria em todas as peças. Sem ela, os santos mofariam no paraíso e os pecadores clamariam, desesperados, no inferno; os fortes não se inclinariam para os fracos, nem os fracos vicejariam ao contato dos fortes; os sábios apodreceriam na estagnação, por ausência de exercício, e os ignorantes gemeriam, condenados indefinidamente às próprias trevas.
Mas a bendita sentinela de Deus é o Anjo Guardião do Universo, e nunca relega as criaturas ao desamparo, ensinando que a vitória do bem, com ascensão para a luz, é sempre obra de cooperação, interdependência e fraternidade.
A estátua não desfrutaria o louvor da praça pública sem a caridade do material inferior que lhe assegura o equilíbrio na base; a luz não nos livraria das sombras se a candeia acesa no velador não lhe dirigisse os raios para o chão.
O solo aceita as exigências do rio que o desgasta, incessantemente, e, com isto, a escola terrestre permanece viva e fértil; a semente conforma-se com o negrume e a soledade na cova e, assim, a mesa tem pão.
Sem obediência às normas da caridade, que exalta o sacrifício de cada um para a bem-aventurança de todos, qualquer ensaio de felicidade é impraticável.
Somos todos filhos da Graça Divina e herdeiros dela, e, para santificarmos a vanguarda do progresso, é imprescindível dar de nós mesmos, em oferta permanente ao bem universal.
Todo egoísmo está condenado de início.
A água, sem proveito, putrefaz-se.
O arado inativo é carcomido pela ferrugem.
A flor estéril torna ao adubo.
O espírito permanentemente circunscrito ao estreito círculo de si mesmo é castigado com a desilusão.
Recebendo as bênçãos do Céu, através de mil vias, a cada instante da experiência no corpo, o homem que não aprendeu a dar, em auxílio espontâneo aos semelhantes, é louco e infeliz.
Multipliquem-se palácios para a administração e para cultura do cérebro; mas, enquanto a porta do coração não se descerrar ao toque do amor fraterno, a guerra será o vulcão espiritual do mundo, devorando a Paz e a Vida. Descubram-se preciosos segredos da matéria e entoem-se cânticos de triunfo no seio das nações gloriosas da Terra; mas, enquanto o homem não ouvir o apelo suave da caridade, para fazer-se verdadeiro irmão do próximo, o solo do Planeta permanecerá empestado de vermes e encharcado de sangue dos mártires, que continuarão tombando a serviço da divina virtude em intérmina caudal.

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