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Com a precariedade da vida e de tudo o que nos cerca, Deus nos ensina, diária e
constantemente, que tudo passa e que não adianta querermos construir o céu aqui
nesta terra.
Ainda
assim, mesmo com essa lição permanente que Deus nos dá, muitos de nós somos
levados a viver como aquele homem rico da parábola narrada por Jesus. Ele
abarrotou seus celeiros de víveres e disse à sua alma: “Descansa, come, bebe e
regala-te” (Lc 12,19b); ao que Deus lhe disse: “Insensato! Nesta noite ainda
exigirão de ti a tua alma” (Lc 12,20a).
A
efemeridade das coisas é a maneira mais prática e constante que Deus encontrou
para nos dizer a cada momento que aquilo que não passa, que não se esvai, que
não morre, é aquilo de bom que fazemos para nós mesmos e, principalmente, para
os outros. Os talentos multiplicados no dia a dia, a perfeição da alma buscada
na longa caminhada de uma vida de meditação, de oração, de piedade, essas são
as coisas que não passam, que o vento do tempo não leva e que, finalmente, nos
abrirão as portas da vida eterna e definitiva, quando “Deus será tudo em todos”
(cf. 1Cor 15,28b).
A
transitoriedade de tudo o que está sob os nossos olhos deve nos convencer de
que só viveremos bem esta vida, se a vivermos para os outros e para Deus.
São
João Bosco dizia que “Deus nos fez para os outros”.
Só
o amor; a caridade, o oposto do egoísmo, pode nos levar a compreender a
verdadeira dimensão da vida e a necessidade da efemeridade terrena.
Se
a vida na terra fosse incorruptível, muitos de nós jamais pensaríamos em Deus e
no céu. Acontece que Ele tem para nós algo mais excelente, aquela vida que
levou São Paulo a exclamar:
“Coisas
que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou
(Is 64,4), tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam”
(1Cor 2,9).
A
corruptibilidade das coisas da vida deve nos convencer de que Deus quer para
nós uma vida muito melhor do que esta – uma vida junto d’Ele. E, para tal, Ele
não quer que nos acostumemos com esta, mas que busquemos a outra, onde não
haverá mais sol porque o próprio Deus será a luz, e não haverá mais choro nem
lágrimas.
Aqueles
que não creem na eternidade jamais se conformarão com a precariedade desta vida
terrena, pois sempre sonharão com a construção do céu nesta terra.
Para
os que creem, a efemeridade tem sentido: a vida não será tirada, mas
transformada; o “corpo corruptível se revestirá da incorruptibilidade” em Jesus
Cristo (cf 1Cor 15,54).
(Prof. Felipe Aquino)
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