Richard Simonetti
O sábio indiano passava com um discípulo às margens do
Ganges. Em dado momento, viu um escorpião que se afogava no rio. Pressuroso,
estendeu a mão e o retirou das águas. Previsivelmente, o escorpião picou sua
mão. Não obstante a dor, o sábio, cuidadoso e paciente, o depositou em terra
firme. Teimoso, o bicho voltou ao rio. O discípulo, admirado, viu seu mestre
novamente, submetendo-se a nova agressão. O escorpião, que parecia orientado
por vocação suicida, retomou às águas. Repetiu-se a cena. A mão do sábio
intumescia, dor lancinante.
- Mestre - balbuciou, confuso, o discípulo -, não estou entendendo. Esse escorpião o atacou três vezes e o senhor continua empenhado em socorrê-lo? Ele sorriu.
- Meu filho, é da natureza dele picar; a minha é salvar!
Grande sábio, não é mesmo, leitor amigo? Se responder que
não, concordo plenamente. Faltou-lhe um componente essencial à sabedoria: o bom
senso, a capacidade de avaliar uma situação e fazer o melhor. Se o exercitasse,
simplesmente apanharia um arbusto ou vareta, recolheria o escorpião e o
deixaria longe do rio. Fácil, fácil, sem nenhum problema.
- Mestre - balbuciou, confuso, o discípulo -, não estou entendendo. Esse escorpião o atacou três vezes e o senhor continua empenhado em socorrê-lo? Ele sorriu.
- Meu filho, é da natureza dele picar; a minha é salvar!
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