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terça-feira, 28 de maio de 2024

Ladainha de Nossa Senhora: o significado de 13 invocações “curiosas”

 


Vaso Honorífico... Torre de Marfim... Casa de Ouro... Por que nos referimos assim a Maria?
 
A estrutura da ladainha de Nossa Senhora
As invocações iniciais não se dirigem a Nossa Senhora, mas a Nosso Senhor Jesus Cristo e à Santíssima Trindade: “Senhor, tende piedade de nós! Jesus Cristo, ouvi-nos!”... Por quê? Porque tudo em Nossa Senhora nos conduz ao seu Filho divino e, por meio dele, à Santíssima Trindade, que é o nosso fim supremo. A Santíssima Virgem Maria é o melhor caminho para chegarmos a Deus.
Após essa introdução da ladainha, seguem-se três invocações nas quais pronunciamos o nome da Virgem, Santa Maria, e lembramos dois dos seus principais privilégios: ser Mãe de Deus e Virgem das virgens.
Em seguida, há vários grupos de invocações a Nossa Senhora:
  • 13 invocações para honrarmos a maternidade de Nossa Senhora;
  • 6 invocações para honrarmos a sua virgindade;
  • 13 invocações que são figuras simbólicas;
  • 4 invocações da sua misericórdia;
  • e, finalmente, 12 invocações de Maria como Rainha.
 
As 13 figuras simbólicas
Em geral, é no grupo das 13 invocações com figuras simbólicas que surgem as maiores dificuldades de compreensão por parte dos fiéis. A nossa civilização tem se fechado para o simbolismo, de modo que aquilo que até poderia ser evidente em outras épocas é hoje obscurecido pelo espírito prático da vida contemporânea, que não favorece a meditação nem a contemplação das maravilhas da criação.
Eis o significado dessas 13 invocações simbólicas:
 
Espelho de Justiça — Justiça, aqui, entende-se no sentido mais amplo de santidade. Nossa Senhora é chamada assim porque é um espelho da perfeição cristã. Toda perfeição pode ser admirada nela, do mesmo modo como podemos admirar uma luz refletida na água.
Sede da Sabedoria — Nosso Senhor Jesus Cristo é a Sabedoria, pois, sendo Deus, tudo sabe e tudo conhece. E se Nossa Senhora o levou dentro de si durante nove meses, ela foi, por isso mesmo, a sede da Sabedoria – e continua a sê-lo, pois nela, infalivelmente, encontramos Nosso Senhor.
Causa de Nossa Alegria — A verdadeira alegria vai muito além do riso, até porque rir muito nem sempre significa felicidade. A maior alegria que um homem pode ter é a de salvar-se e estar com Deus por toda a eternidade. Ora, antes da vinda de Nosso Senhor, o Céu estava fechado para nós. Foi o sacrifício do Calvário que nos reconciliou com o Criador e nos proporcionou a verdadeira e eterna felicidade. E como foi por meio de Nossa Senhora que o Redentor da humanidade veio à Terra, Maria Santíssima é, desta forma, causa da nossa maior alegria.
Vaso Espiritual — Nada tem mais valor do que a verdadeira fé. Na Paixão e Morte de Nosso Senhor, quando até os Apóstolos duvidaram e fugiram, foi Nossa Senhora quem recolheu e guardou, como num vaso sagrado, o tesouro da fé inabalável.
Vaso Honorífico — Em nossa época, a honra quase não é considerada: pelo contrário, muitas vezes a falta de caráter e de vergonha é que é louvada, como nas manifestações ditas culturais em que se enaltecem desvios de comportamento como a “malandragem” – e depois se queixam dos resultados óbvios de violência, corrupção e colapso da cidadania... No entanto, a honra é um valor em si mesmo. Nossa Senhora guardou cuidadosamente em sua alma todas a graças recebidas, mantendo a honra apesar da decadência do gênero humano. Se não tivesse existido Nossa Senhora, ficaria faltando na criação quem representasse a perfeição da criatura, fiel até o extremo heroísmo.
Vaso Insigne de Devoção — Devoto quer dizer dedicado a Deus. A criatura que mais se dedicou e viveu em função de Deus foi Nossa Senhora, tendo-o realizado de forma tal que melhor é impossível.
Rosa Mística — A rosa é considerada tradicionalmente a rainha das flores, a que possui de forma mais definida e esplêndida tudo quanto caracteriza uma flor. Igualmente, no campo da vida espiritual e mística, Nossa Senhora possui da forma mais primorosa tudo aquilo que representa a perfeição.
Torre de Davi — Lemos na Sagrada Escritura que o rei Davi tomou a fortaleza de Jerusalém dos jebuseus e edificou a cidade em torno dela. Naturalmente, o rei Davi fortificou a cidade para torná-la inexpugnável, dotando-a de forte guarnição. A Igreja Católica é a nova Jerusalém e nela temos uma torre ou fortaleza que nenhum inimigo pode destruir: Nossa Senhora. Ela constitui o ponto de maior resistência e melhor defesa. Por isso, nesta invocação honramos Nossa Senhora reconhecendo que nunca houve, nem haverá, quem melhor proteja os fiéis e defenda a honra de Deus do que ela.
Torre de Marfim — O marfim é um material de raras caraterísticas naturais: ele é ao mesmo tempo muito forte e muito claro, o que gera um aparente contraste entre suavidade e força. Igualmente, Nossa Senhora é muito forte espiritualmente, a maior inimiga dos inimigos de Deus, e, ao mesmo tempo, é de uma pureza e suavidade alvíssima. Ela contraria as ideias falsas de que as coisas de Deus devam ser adocicadas e piegas e de que a força verdadeira deva ser bruta.
Casa de Ouro — O ouro é considerado o mais nobre dos metais. Se tivéssemos que receber o próprio Deus, procuraríamos fazê-lo numa casa que não fosse superável: daí a comparação com uma casa de ouro. Ora, a Santíssima Virgem é essa casa insuperável, a “casa de ouro” que acolheu Nosso Senhor quando Ele veio ao mundo.
Arca da Aliança — No Antigo Testamento, ficavam guardadas na Arca da Aliança as tábuas da Lei dadas por Deus a Moisés, bem como um punhado do maná milagrosamente recebido no deserto. Por isso, ela lembrava as promessas e a proteção de Deus. Nossa Senhora é, no Novo Testamento, a Arca da Aliança que protege o povo eleito da Igreja e recorda as infinitas misericórdias de Deus.
Porta do Céu — Nossa Senhora é invocada deste modo porque foi por meio dela que Jesus veio à Terra e é por Ela que nos vêm todas as graças voltadas a nos levar ao Céu, a nossa morada eterna. Assim, Ela favorece a nossa entrada no Céu.
Estrela da Manhã — Pouco antes de nascer o sol, quando a escuridão é maior e vai começar a clarear, aparece no horizonte uma estrela de maior luminosidade. Depois, quando as outras estrelas desaparecem na claridade nascente, ela ainda permanece. Assim foi Nossa Senhora, pois o seu nascimento significava que logo nasceria o Sol de Justiça, Nosso Senhor Jesus Cristo. E quando a Fé se perdia até entre o povo eleito, Ela continuava a acreditar e esperar. Ela é o modelo da perseverança na provação e o anúncio da Luz que virá.
 
Estas são, resumidamente, algumas explicações das mais “curiosas” invocações marianas que compõem a Ladainha Lauretana. Compreendê-las certamente nos ajudará a rezar com maior fervor tão meritória oração.
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Adaptado de texto de André Damino em “Na escola de Maria”, Ed. Paulinas, 4ª edição, São Paulo, 1962.
Fonte: Portal Aleteia

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